Resenha Serena, Ron Rash

Título Original: Serena
Autor: Ron Rash
Editora: Intrínseca
Ano: 2015
Páginas: 320
Sinopse: Pemberton, um rico madeireiro, e sua esposa, Serena, são um casal ambicioso, determinado a derrubar todas as árvores das montanhas da Carolina do Norte para aumentar sua fortuna durante a Grande Depressão. Mas um projeto de parque nacional ameaça esses planos. Pemberton passa a subornar as pessoas mais influentes para manter sua propriedade e seu poder. Já Serena, sem escrúpulos, recorre a outros argumentos: a força, as armas e a crueldade. Para sustentar o grande império e conseguir o que ambicionam, os dois vão passar por cima de tudo. Até deles próprios. Uma narrativa brilhante, que equilibra beleza e violência, paixão e ódio, impiedade e amor.




Resenha:


“(…) — Essa gente quer deixar bem claro a maldade que é capaz de fazer. Querem deixar tudo às claras.”


Pemberton é um rico madeireiro da Carolina do Norte. Depois de três meses em Boston, ele retorna para Waynesville casado com uma mulher de personalidade forte: Serena. A personalidade de Serena nos é mostrada logo nas quinze primeiras páginas quando seu marido se depara com uma garota e o pai dela o esperando na plataforma da ferrovia; a garota em questão está esperando um filho de Pemberton, e seu pai quer honrar a filha no estilo violento. Com uma luta de facas, instigado por Serena, Pemberton acaba matando o homem, Harmon, alegando legítima defesa. É a partir deste ponto que vemos que não somente Pemberton é capaz de tudo mas também Serena.




“— Então o senhor é um homem de sorte — observou Serena. — Não poderia encontrar homem melhor para fazer um filho nela. O tamanho da barriga comprova isso. — E, dirigindo o olhar e as palavras para a filha: — Mas este é o único filho dele que você vai ter. Agora estou aqui. Qualquer outro filho que ele tiver vai ser comigo.”



Como é de se esperar, Pemberton não assume o filho, sequer conhece-o. E, enquanto a pobre Rachel Harmon sofre com o fardo de seu pai morto, sem dinheiro e de criar um filho sozinha, Pemberton e Serena estão ambiciosos em enriquecer cada vez mais. No entanto, o projeto de um parque estadual ameaça desapropriá-los por utilidade pública, caso o eles não aceitem a oferta de venda feita pelo Governo. Sendo assim, Pemberton e Serena passam por cima de todos que ameaçam seus negócios. Pemberton usa suborno como método de conseguir tempo: até a ordem de desapropriação pelo Governo, já conseguira cortar todas as árvores em seus hectares; no entanto, Serena usa de crueldade.



“(…) —Esse mundo é um lugar muito difícil. Não me admira que os bebês chorem ao chegar. Lágrimas desde o começo da vida.”



A união passional e ambiciosa do casal começa a entrar em colapso quando Serena descobre que não pode gerar um filho. Cruel e impiedosa, ela promete matar o filho bastardo de Pemberton e a mãe criança, muito mais quando desconfia de que Pemberton está protegendo sua família ilegítima.



“— Que tal algumas páginas dessa sua Bíblia aí? — perguntou Ross — Esse papel é ótimo para enrolar cigarro.”




Com isso, então, o casamento de Pemberton e Serena caminha para um incrível, cruel e dramático acerto de contas.

Ron Rash surpreende e encanta nesse romance que mescla beleza e crueldade. Os personagens são extremamente bem-construídos dentro da história; Serena é uma personagem forte, sagaz e cruel, manipuladora. Achei que algumas cenas da história foram desnecessárias, a maioria eram os diálogos entre os funcionários da madeireira, e isso distancia muito o leitor do ápice da história. Acredito que essas partes desnecessárias poderiam ter sido substituídas para trabalhar um pouco mais a “relação” do Pemberton em proteger a família ilegítima dele, o que demora muito pra acontecer e nem chega a ser uma “proteção”, como a gente imagina o tempo todo. Não há realmente algo mais profundo ou íntimo com o filho, o que torna a história ao mesmo tempo decepcionante e cruel.
A adaptação do livro para os cinemas ocorreu em 2014, e foi protagonizado por Bradley Cooper (nem amo) e Jennifer Lawrence (nem shippo), e há partes da adaptação que gostei muito mais do que as do livro. 

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