Resenha: Eu Vejo Kate – O Despertar de Um Serial Killer – Cláudia Lemes

Eu Vejo Kate - O Despertar de um Serial Killer
Editora: Empíreo
Ano: 2015
Páginas: 392
Sinopse: Um ano atrás, Blessfield enterrou 12 mulheres vítimas do cruel serial killer Nathan Bardel. Ele foi julgado e executado. Antes que as feridas da cidade cicatrizassem, um novo assassino em série surgiu. Mais violento. Mais cruel. Com o mesmo método. Alvo na mira: Kate Dwyer é uma escritora imersa na produção da biografia de Nathan Bardel. O que ela não sabe é que ao mergulhar na sombria vida do assassino, ele passa a acompanhá-la. À medida que se aprofunda nos mistérios de Bardel, a escritora desperta outro assassino. Agora, sua vida corre perigo. Serial Killer X Serial Killer: Desde que Kate decidiu escrever a história de sua vida, Nathan Bardel percebeu que mesmo morto poderia acompanhá-la. Quando ele descobre que um novo serial killer o está copiando fica furioso. Agora ele tem uma nova meta: encontrar o imitador. Caçador de monstros: O agente especial do FBI Ryan Owen é um dos melhores profilers do país. Mas sua experiência será colocada à prova na busca pelo serial killer que não deixa pistas. Ryan – que está com a carreira ameaçada – se vê numa investigação que pode terminar de forma trágica.


Resenha:

Katherine Dwyer é uma jovem escritora que decide mergulhar a fundo e escrever uma biografia de Nathan Bardel — um assassino em série executado. Obcecada pela história de Bardel, Kate não se deixa levar nem mesmo pelas advertências que recebe de pessoas próximas: a de que está indo longe demais com suas pesquisas.
Kate é determinada. Ela não quer apenas escrever sobre Nathan. Ela quer entendê-lo, também. E ela tenta isso de todas as formas que encontra.
Enquanto escreve e pesquisa, Kate não sabe, mas Nathan Bardel a acompanha. Mesmo morto, o assassino é capaz de estar junto dela, a observando e, até em algum nível, a ajudando com sua própria história.
Durante sua investigação, Katherine conhece Ryan Owen, um ex-agente do FBI, que foi o responsável por traçar o perfil de Nathan e, consequentemente, levá-lo à prisão. Mas Ryan não está na sua melhor fase profissional — e nem pessoal. Afastado do FBI e divorciado da esposa, Owen está tentando se estabilizar novamente. Ele conhece Kate e seu interesse em Bardel; os dois se envolvem sexualmente, e ele lhe dá algumas dicas sobre o original do seu livro, que Dwyer lhe enviou por e-mail.
Kate está perto de finalizar a biografia de Bardel, mas sua editora, por algum motivo, não quer mais que ela escreva o livro, e por isso a proíbe de dar continuidade com seus escritos e até lhe oferece um adiantamento em dinheiro para que ela comece a escrever outro romance.
Mas Kate é teimosa e continua a escrever a biografia do assassino. Por sua insistência, ela recebe uma ameaça. Assustada, ela contata Ryan, que vai ao seu encontro imediatamente. E é nesse ponto que as coisas começam a ficar interessantes.
No dia seguinte à ameaça, uma jovem é morta brutalmente. O mais impressionante é o modus operandi e a assinatura do assassino deixado na vítima — a mesma de Nathan Bardel.
Mas Nathan Bardel está morto, e Ryan e Kate se veem lidando com um imitador (ou seria admirador?) de Bardel.
Acreditando que Katherine possa estar correndo risco de morte, Ryan precisa pegar esse assassino (que faz outras vítimas) ao mesmo tempo em que quer proteger a mulher que ama.


Considerações pessoais.
 Eu Vejo Kate foi um dos livros mais diferentes que li, em vários níveis.
O primeiro deles é a narração. Narrado em primeira pessoa (um thriller psicológico?), a autora nos apresenta três diferentes personagens que narram cada um seu ponto de vista do desenrolar da trama. Isso é comum, já li algumas histórias onde a narração se intercala entre os personagens. Mas em nenhum deles um dos personagens está morto.
É um ponto bem interessante isso de Nathan Bardel, mesmo sem consciência viva, poder acompanhar e narrar história. Deu um toque diferente e peculiar na trama. Algo realmente que não se vê todo dia.
Ainda sobre os aspectos da narração, o estilo de escrita da autora é bem objetivo. Ela é rápida nas palavras, não rebusca os parágrafos nem dá muitas voltas na narrativa (ainda que, particularmente, eu goste de detalhes e narrações um pouco mais prolongadas).
 Isso nos proporciona uma leitura mais dinâmica, é fácil acompanhar a história (não tem aquilo de você se perder na trama porque o autor resolveu desviar o foco para detalhar alguma coisa), o que por um lado é bom. O lado ruim (minha opinião) é que eu realmente gosto desses desvios e senti falta disso no livro. Mas não é um ponto relevante na crítica. Acredito que, ou é simplesmente o estilo da Claudia, ou a história que não abriu brechas para esses desvios (que eu amo).
O vocabulário, inicialmente, eu achei bem pesado. Sim, eu me assustei um pouco de início com os excessos de palavrões, mas não foi difícil me habituar e entender que eles serviram muito mais do que para dar um toque de realidade. O vocabulário tornou o livro mais real e me aproximou muito mais dos personagens, da sua personalidade e do seu modo de ver o desenrolar da história.
Um segundo ponto que me chamou bastante a atenção foram as cenas de sexo. Como escritora (iniciante), eu já ouvi muito “se não acrescenta em nada à história, não ponha”. Acredito que ela também deva ter ouvido isso algum dia em sua vida, mas ligou o “f*da-se” e narrou cenas de sexo, mesmo que elas não tenham acrescentado nada de importante/interessante na obra. Em livros desse gênero, ou outros gêneros que fujam da temática romance/erótico, os autores não abrem espaço para esse tipo de narração, exatamente por, acredito eu, cenas de sexo não serem relevantes (ou porque não se encaixam na trama, por alguma razão) e quando há relações entre os personagens, eles dedicam nada mais que uma ou duas linhas de um parágrafo para isso (às vezes, algumas palavras apenas).
Claudia Lemes foi além. Ela não dedicou apenas uma ou duas linhas para uma única cena de sexo no livro todo. Foram alguns bons parágrafos no desenvolver da narrativa. Isso tornou o livro bom e diferente, porque os personagens não precisam de motivos para transarem, e nem a autora precisa de um bom motivo para incluir tal cena.
O livro me surpreendeu também pela crueldade retratada. Em muitas cenas eu senti a bílis na garganta, ou sentia-me horrorizada e até conseguia projetar em minha mente as descrições da narrativa, as cenas de assassinato, de estupro, de violência… E a sensação esquisita no peito vinha junto a cada parágrafo tenso.
Acho muito mais fácil despertar no leitor sentimentos positivos: amor, fé, paixão.
É muito mais difícil fazê-lo sentir medo, ânsia, horror.
E Claudia Lemes despertou isso em mim com muita maestria.
Como já disse em outra resenha, eu não costumo elogiar/criticar diagramação, mas neste livro eu também preciso falar da diagramação bem-feita e bonita do livro, e também tão diferente como todo o resto do livro foi. Tirando apenas dois erros na diagramação (letras unidas e repetição de parágrafo) todo o resto é lindo de se ver. Rs.

Para quem curte o gênero thriller e gosta de dar apoio aos livros nacionais, fica aqui mais uma dica de uma excelente leitura.  

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