A Criança dos Anos 90
Sempre que
alguém pergunta, tenho orgulho de falar que sou do século passado. Que sou dos
anos 90.
Fui criança
até mesmo nos anos 2000, mas nada supera uma criança do século anterior. Sim, porque quando digo anos 90, quero me referir a também as outras
décadas de ouro, me refiro também as crianças dos anos 80, 70, e assim
regredindo.
Eu, criança
dos anos 90, hoje posso estufar meu peito e dizer:
Enquanto criança, brincava na rua. De pega-pega
e esconde-esconde, duro ou mole (e não existia malícia). Brincava até depois de
o sol se por, mas nem percebia, e só via que a lua já brilhava no céu, quando
minha mãe vinha até o portão e gritava pelo meu nome.
Então entrava mas tinha aquela preguiça
absurda de ir tomar banho, mas com muito esforço, me jogavam em baixo do
chuveiro. E depois? Ah, e depois! Depois que entrava não queria sair mais. A água
relaxava os músculos que ainda sentiam a pressão do pique.
Então o jantar era
colocado, e jantávamos na mesa. Nada de comer assistindo televisão.
E antes das nove horas, ia dormir. Meu pai
chegava e me dava aquele “xero” do nordeste, e me enrolava na coberta, como uma
lagarta fica dentro do casulo.
Lembro-me de sua voz dizendo:
- Durma com os anjos!
Saía e apagava a luz. Depois vinha
minha mãe.
Me abraçava e beijava. E dizia:
- Durma com Deus.
Mas antes de sair, deixava a luz acesa.
Porque, sim, eu tinha medo. Eu era criança.
Então no outro dia, acordava primeiro
que todos, corria pra sala e ia assistir desenho animado.
Sim, eu cresci assistindo os mais
diversos desenhos. Pokémon, Caillou, O Pequeno Urso, Emily e Alexsander
(fazemos uma dupla legal), Bananas de Pijama. Lembro também que era viciado em
tv cultura.
Assistia Teletubbies, Cocóricó. Assistia
de tudo um pouco.
As crianças daquela época não tinham
celular, nem vídeo game.
Mentira, algumas tinham o Nintendo. Daqueles
que se colocava o jogo e tinha que espancar o aparelho para funcionar.
Eu, enquanto criança, colecionava
tazos, e cartas (a qual hoje em dia as crianças chamam de “cards”).
Na época em que fui criança não existia bullying. Existiam brincadeiras, e se eu brincava com alguém, alguém poderia
brincar comigo.
Ficava a espreita para assustar minha
mãe, mas me cansava. Tomava banho de bacia, e também fazia chuveirinho no
quintal com meus primos. Pendurávamos a mangueira no varal, e corríamos em
baixo dela. Fazer armadilha de peças de lego para seus primos, porque pisar
naquilo fazia até o mais durão encher os olhos de lágrima. Ah, bom era ser
criança.
Quando eu era criança, tudo era mais
fácil. Com exceção é claro de chutar o asfalto e rancar o tampão do dedo do pé.
Isso nunca será fácil.
"Ser criança é mais que ser pequeno. Ser
criança e viver a infância, aprender
jovem, o que muitos não aprendem. Ser criança é ser fruto da esperança. Ser criança
é amar sem proporções, é fazer guerras, mas de travesseiros, e de matar, a sede
de brincar, ser criança é não querer envelhecer, é querer ser como Peter Pan,
ser criança é achar que poderia ter super-poderes, quando na verdade o nosso
maior poder era a Imaginação".
E pra você, criança dos anos 2000, eu
deixo aqui o apelo de alguém que cresceu, mas que tem em si um pouco da
criança:
"Não tente crescer, e nunca, jamais
tente ser adulto. Deixe que as coisas flua do jeito que tem que ser. Deixe que
a criança dentro de você, se torne um adulto sozinho, apenas com o passar dos
anos. Porque mesmo que você se torne um adulto, a criança dentro de você,
jamais irá morrer".
Tomou?
Feliz dia da Inocência. Feliz dia das Crianças.
Texto por Lucas Leonardo.
2 Comentários
Simplesmente sensacional! Me emocionei ao ler! Parabéns! #FelizDiaDasCrianças
ResponderExcluirParabéns Léo!
ResponderExcluirTexto retrata nossa infância como ela realmente foi!
Orgulho de ter nascido em 1992!