Resenha - Verme, Jim Carbonera


Verme, Jim Carbonera 


Diferente de tudo que li, e que infelizmente a maioria ainda ler atualmente, o livro Verme escrito por Jim Carbonera, já está dando o que falar dentro da literatura brasileira. Mas o que esse livro tem?? Sem spoiller, porque vale muito a pena ler!!

De acordo com o dicionário da língua portuguesa, Aurélio, a palavra VERME nos remete a significados desagradáveis, como principalmente: Invertebrado de corpo mole, semelhante à lombriga; minhoca; gusano; helminte; larva e  Roedor: a traça. O que esperar de um livro cujo nome nos retrata esses significados?? 

Confesso que no começo me assustei um pouco com o estilo do livro, o maior obstáculo foi porque trata-se de um novo gênero literário na minha estante. Assim, como uma grande parte dos leitores, ainda estou muito acostumada com os romances. Aqueles livros que trazem o príncipe chegando no cavalo branco para salvar a princesa, histórias em que o casal fica junto após tantas dificuldades. Mas, porque será que a maioria ainda gosta desse gênero? Talvez porque venham preencher a lacuna deixada pelo simples pensamento de que deve haver sucessivamente o “viveram felizes para sempre”. O que muitas vezes não existe na vida real ... Mas, voltando ao Verme, o que realmente encontramos?

Seguindo o estilo do realismo urbano e transgressivo, Verme é narrado em primeira pessoa e retrata a vida de Rino Caldarola. Um protagonista longe das idealizações de príncipe ou até mesmo galã de novela mexicana, que se compara a um Verme e vive suas aventuras na cidade de Porto Alegre. O escritor nos presenteia com uma narrativa atrevida e aguçada onde o personagem utiliza-se de ironia, arrogância e de um cru erotismo para conseguir alcançar o seu espaço na sociedade.

Em sua rotina, é possível perceber diversos sentimentos retratados por Rino como: angustias, dúvidas, medos, anseios e até mesmo os seus pensamentos eróticos. Seu dia a dia é preenchido com sexo, cigarros e com seu estilo musical predileto: rock and roll. Com trinta anos de idade e sem um trabalho fixo, Rino encaixa-se na “geração canguru”, pois ainda mora com seus pais e não possui planos para mudar a sua atual realidade, apesar de lutar pela liberdade.

Talvez por acreditar nesse livre-arbítrio, Rino não poupa seus comentários (incluindo os eróticos) e até mesmo o uso de palavrões. Pelo fato de não estar muito acostumada com esse tipo de exposição, me senti um pouco incomodada. Porém, no decorrer do livro quando me permiti o conhecer melhor, percebi que esse era um dos pontos forte da sua personalidade e comecei a aceitá-lo como ele é. Pois o Verme foge de muitos padrões de comportamento da sociedade.

“... deixamos o tempo rolar mais alguns minutos para não sermos os primeiros a ir embora. Não atuei como O-Senhor-Simpático, me mantive na minha. Boca fechada não entra abelha nem expele marimbondo. Assim é melhor, jogar pelo empate. Quando se tagarela demais para querer agradar, o resultado final pode ser desastroso.”  Pág. 149 

Em contraposição a esse Verme, o personagem nos expõe à um sensível. Rino nos permite pensar sobre diversos fatos presentes na nossa rotina, como principalmente: o abandono social (incluindo os mendigos), o preconceito, a exclusão social, o descaso dos jovens com a leitura e até mesmo sobre a degradação da essência humana. E além disso, ele também busca o seu sonho: conseguir reconhecimento no mundo literário. Apenas falta-lhe confiança e inspiração. 

Alguém que apesar de não conseguir obter vinculos ou demonstrar seus sentimentos, também é capaz de sentir e se deixar levar por eles, como aconteceu no romance entre ele e Diana, uma ruiva que tinha muitos aspectos em comum com o Rino... 

"Eu realmente gostava dessa garota. Não sabia até quando nosso relacionamento duraria, por isso deveria aproveitá-lo ao máximo. Enquanto nos déssemos essa liberdade de cada um ter sua individualidade, sem misturar sentimentos demasiados, o futuro prometia ser auspicioso." Pág. 191 

Outro ponto fundamental da leitura consiste em ser impossível conhecer Rino e não se deparar com a figura encantadora do escritor, ambos possuem muitos aspectos semelhantes, desde o físico até mesmo o gosto musical. O que me motivou ainda mais para ler o livro.

Diante disso, super recomendo a leitura desse livro por diversos motivos. Rino nos proporciona principalmente, perceber que não precisamos nos encaixar nos padrões da sociedade para sermos aceitos, e nem precisamos de preencher todas as lacunas ditas pelas regras. Precisamos é ver o mundo como ele realmente é, e aceitarmos que existe indivíduos diferentes de nós.

Acompanhada de uma boa dose de rum, lhe desejo uma excelente leitura.

@sessaodoslivros2 

* Adquira o seu, entre em contato com o escritor Jim Carbonera
Twitter: https://twitter.com/jimcarbonera

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